Nas proximidades da Chácara do Visconde ficavam as casas do avô materno de Lobato e da esposa, conhecidas como os solares do visconde e da viscondessa, e também a casa da avó materna de Lobato, a professora Anacleta Augusta do Amor Divino.

A vida de Lobato foi permeada pela presença constante do meio rural. Além da Chácara do Visconde, o escritor passou muito tempo da infância na Fazenda Santa Maria, no bairro do Ribeirão das Almas, que era de seu avô e foi doada aos pais de Lobato, Olympia e José Bento. Também era frequentada por Lobato a fazenda Paraíso, que pertenceu a um bisavô do escritor, Francisco Alves Monteiro, e foi adquirida por seu pai em 1893.

Outra propriedade rural de grande importância na trajetória de Monteiro Lobato foi a fazenda São José do Buquira, também pertencente ao Visconde de Tremembé, onde Lobato costumava desfrutar dos banhos de cachoeira, tanto na infância como na vida adulta. Quando o avô de Lobato faleceu em 1911, o autor herdou a Fazenda do Buquira, para onde se mudou com a família, vivendo ali até 1917, quando vendeu a propriedade e se mudou para São Paulo. Passaria o resto da vida em grandes cidades como Buenos Aires, Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro, mas nunca perderia de vista as referências do interior e da vida no campo, que permeiam toda a sua obra.

Chácara do Visconde em 1960, com o alpendre hoje demolido. IPHAN

A casa que hoje abriga o Museu Monteiro Lobato era a sede da chácara que leva o nome do seu antigo dono, José Francisco Monteiro, o Visconde de Tremembé, avô do escritor. A chácara ocupava originalmente uma área de 19 alqueires (mais de 450 mil metros quadrados) no bairro da Estiva, possuindo cafezal, pastos e pomares. O terreno da chácara foi sucessivamente repartido e loteado, dando origem ao atuais bairros Chácara do Visconde, Vila Santa Isabel e Chácara Leal.

Nos arredores da casa existia originalmente uma senzala, onde viviam os escravizados que trabalhavam na chácara, uma tulha (galpão utilizado para a secagem dos grãos de café), uma cocheira e casa para os carros de tração animal. Além dos pomares de mangas, jabuticabas, abius e uvaias, o Visconde de Tremembé mandou plantar na terra um grande número de árvores da fauna brasileira, criando uma espécie de horto, com ipês, paus-ferro, jacarandás, aroeiras e caviúnas. A monumental jaqueira, hoje com mais de 150 anos, foi plantada pelo próprio Visconde.

Nessa casa, segundo relatos, nasceu Monteiro Lobato, às 23h do dia 18 de Abril de 1882. Os pais de Lobato possuíam uma casa no Largo da Estação Ferroviária de Taubaté, muito próxima à chácara. Esse foi um dos locais das brincadeiras de infância do escritor, e também de estudos; sob a grande jaqueira o escritor costumava estudar e fazer suas leituras.

Em 1911, quando faleceu o Visconde de Tremembé, a avaliação da chácara no seu inventário informava as divisas de então: “pela frente com o leito da Estrada de Ferro Central do Brasil; por um dos lados com a Companhia Armazéns Gerais, com a rua da Monção, nos fundos com a estrada do Lazareto e pelo outro lado com a estrada do Barranco.

Solar do Visconde de Tremembé, entre 1860 e 1880. Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio, UNICAMP.

Endereço Atual: R. Dr. Souza Alves, 960

O solar do Visconde de Tremembé era um sobrado que se erguia em frente à Praça Dr. Monteiro, antigo Largo do Teatro ou Largo da Princesa. O casarão, que servia de residência ao visconde, abrigava no sótão a sua biblioteca, e recebeu em 1886 a visita do imperador Dom Pedro II.

No século XX, após a morte do Visconde de Tremembé, o sobrado, que foi modificado ao gosto da arquitetura eclética, abrigou o Clube Recreativo, a Escola Normal, a sede do Tiro de Guerra 445, o 5o Batalhão Policial, a Prefeitura Municipal e o Museu Histórico de Taubaté. O casarão foi posteriormente demolido, dando lugar à construção atual, que abrigou desde então um supermercado, a Rádio Difusora de Taubaté, uma delegacia da Receita Federal e a Delegacia Estadual de Ensino.

Solar da Viscondessa, 1944 Museu da Imagem e do Som de Taubaté.

Endereço Atual: Rua XV de Novembro, 996 - Praça Dr. Monteiro - Taubaté - SP

O Solar da Viscondessa, antiga residência de Maria Belmira de França Monteiro, Viscondessa de Tremembé, está localizado na Rua XV de Novembro, antiga Rua das Palmas. Com o falecimento da Viscondessa, em 1910, e do Visconde, em 1911, o casarão foi herdado pela sua neta Esther Monteiro Lobato de Morais e o esposo, Heitor de Morais, que o venderam em 1916 ao Coronel Francisco de Paula Oliveira e sua esposa Maria Francisca Chiaradia.

Com a morte de Francisco de Paula em 1936, sua viúva e as filhas Jacyra e Jandyra alugam o imóvel ao empresário Félix Guisard, que instalou no casarão o Museu Histórico de Taubaté, posteriormente denominado Museu Municipal de Taubaté.

Em 1951 o casarão passou a abrigar o Ginásio Taubateano, ativo até os anos 1970. Em 1974 a Federação das Faculdades e Universidades de Taubaté adquire o casarão, que se torna a sede da reitoria da Universidade de Taubaté (UNITAU), originada da Federação. Entre 1982 e 1998, o solar abriga o Departamento de Psicologia da UNITAU, e em 1998 se torna sede da Fundação Musical da Universidade de Taubaté e do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica (CDPH) da universidade.

Após intervenção de restauro realizada entre 2007 e 2010, em que o imóvel fica desocupado, o casarão volta a abrigar o CDPH e uma galeria de arte, a Galeria da Viscondessa, ambos ainda em atividade.

Largo da Princesa Imperial, nome primitivo da Praça Dr. Monteiro, 1962 Museu da Imagem e do Som de Taubaté.

Endereço Atual: R. Dr. Souza Alves (em frente à Praça Dr. Monteiro), entre os números 11 e 23.

A casa onde residiu Anacleta Augusta do Amor Divino está localizada na Praça Dr. Monteiro, antigo Largo do Teatro ou Largo da Princesa, próxima ao local onde se erguia o solar de José Francisco Monteiro, Visconde de Tremembé, com quem teve um relacionamento e dois filhos, o Dr. José Francisco Monteiro Jr., que dá nome à praça, e Olympia Augusta Monteiro, mãe do escritor Monteiro Lobato.

Ruínas da Fazenda Paraíso, Monteiro Lobato, 1943. CEDAE - UNICAMP.

A Fazenda do Paraíso foi adquirida por José Bento e Olympia Augusta por volta de 1893, com os recursos adquiridos em uma permuta realizada com a Fazenda Santa Maria. Esta fazenda pertenceu ao avô de Olympia Augusta, Francisco Alves Monteiro, que a deixou repartida em herança aos filhos varões: José Francisco Monteiro, o Visconde de Tremembé, José Félix Monteiro, o Visconde de Moçoró, José Gabriel Monteiro, e o Comendador José Rodolfo Monteiro, herdeiro da maior parte, que incluía a sede. A filha de José Rodolfo Monteiro, Alice Monteiro, foi quem vendeu a parte herdada à José Bento Marcondes Lobato e Alexandre Monteiro Patto, que a adquiriram em sociedade.

Fazenda São José do Buquira, 1912. CEDAE - UNICAMP.

Endereço Atual: Estrada Municipal Monteiro Lobato-Caçapava, 8000, Monteiro Lobato - SP

A fazenda São José do Buquira teve sua sede erguida por volta de 1870, e chegou a possuir 25.000 pés de café em suas terras. Pertenceu ao Comendador Francisco Alves Monteiro, sendo herdada por seu filho José Francisco Monteiro, Visconde de Tremembé, avô materno de Monteiro Lobato. O escritor passou parte de sua infância na fazenda, frequentando-a nas férias, quando apreciava os banhos de cachoeira na propriedade. Com o falecimento do Visconde de Tremembé em 1911, Monteiro Lobato herda a propriedade, e se muda para a fazenda da Buquira.

Fazenda Santa Maria, sem data. Museu da Imagem e do Som de Taubaté.

A Fazenda Santa Maria se localiza no bairro do Ribeirão das Almas, em Taubaté. Pertenceu ao Visconde de Tremembé, que a doou em 1884 à filha Olympia Augusta Monteiro e ao genro José Bento Marcondes Lobato. Em 1893 Olympia e José Bento realizaram uma permuta com a fazenda, trocando-a por uma chácara no bairro do Areão. Com o dinheiro devolvido na transação, o casal adquire a Fazenda do Paraíso.